sábado, agosto 27, 2011

Como iniciar a produção de uma novela de sucesso 1ª Parte


A minha experiência em novelas já dura há quase vinte anos, e o que vejo agora é uma falta de imaginação gritante por parte dos autores que estão hoje em dia a escrever argumentos para produções nacionais e brasileiras.

Há receitas básicas que devem ser seguidas passo a passo para que tudo corra bem.
Primeiro: Começar uma boa história - Muitas vezes as histórias aparecem-nos por vivências, por algo que vemos por acaso ou por um assunto que lê-mos. Mas como sempre o nosso cérebro transforma os nossos pensamentos em imagens, por isso sempre que se queira começar a escrever uma novela há que pensar nos personagens, visualizá-los.

Segundo: Escolher os actores - Ao visualizar uma cena na nossa cabeça, vemos perfeitamente quais os actores que conhecemos que melhor se enquadravam, e o autor tem de ser firme nas escolha dos actores, e não colocar tudo nas mãos dos outros, para não se darem aberrações como aquelas que vemos por aí.

Claro que quando a novela vai para um determinado canal de televisão há os chamados actores exclusivos que quase são impostos para entrarem e muitas vezes fazerem papeis que não são adaptados a eles e o autor tem de se calar. Mas isso é coisa que tem de acabar para que o publico goste do trabalho final.
E se muito embora em Portugal o publico que vê novelas seja maioritariamente sénior, a maior parte deles já meios surdos e com pouca visão que comem tudo o que se lhes dê, não é de todo esse o objectivo futuro pretendido para a ficção. Porque se for para isso então aceito que as minhas novelas não tenham sido escolhidas para os canais de tv em Portugal, porque não são de todo, produto para deitar fora. São para ser consumido e degustado.

Segundo e 1/2 - Ao escolher os actores ter sempre um de reserva para cada papel - Mas esse de reserva tem de ser tão bom quanto a primeira escolha. E quando digo tão bom, não é necessariamente um grande actor, mas sim alguém que se enquadre no papel. Vou dar-vos alguns exemplos:

Na minha primeira novela, já sobejamente conhecida por todas as produtoras e não aceite devido a não ter cunhas. As personagens ao inicio, portanto na primeira versão, foram pensadas de entre o mercado de actores brasileiros, já que na época o mercado português era muito fraco, neste tipo de produções. Existiam novelas de bradar aos céus. E por isso a primeira opção para o actor principal era o Ângelo António, devido à sua brilhante prestação na novela 74.5 Uma onda no ar.
Contudo nos dias de hoje já não fazia sentido, porque envelheceu e não dá para o tipo de exigência do papel, de surfista e sex symbol , por isso optou-se por outro actor Rodrigo Hilbert, que fez um papel na novela Três Irmãs também de surfista, mas a personagem Guilherme é mais além de um palminho de cara, é um personagem intenso que vive situações dramáticas e duras durante a história, e pensando no Rodrigo Hilbert, faltava alguma coisa, até que Eureka, apareceu na nossa telinha alguém perfeito para o papel, o Caio Castro. Estão a perceber o que eu digo, às vezes mais vale aguardar um pouco para se conseguir o actor perfeito do que colocar a novela no ar logo assim que se acaba. O que não quer dizer que os outros actores mencionados acima não estivessem bons para o papel, mas agora era uma boa altura para encaixar a novela.

Quanto ao panorama português, as coisas tornam-se mais fáceis, embora pelo lado negativo, porque a oferta é menor, e sinceramente ao inicio  achava que o Marco de Almeida ficaria bem no papel, por ser um papel intenso, mas a parte de surfista não me dava grandes esperanças. Então a meu ver tinha de se optar por um outro actor que estaria neste papel como peixe para a água, e talvez seja o único neste momento em Portugal a conseguir unir todos os requisitos exigidos desde o lado romântico, ao dramático, do cómico ao ódio, capaz de ser amado e odiado pelo publico em diferentes situações. Para mim o melhor actor português da sua geração, o Jorge Corrula!

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