Júlia despede-se de Ana e de Lúcio, junto ao estacionamento do parque e
entra no carro com Rodrigo e Manuela.
Lúcio segue para o seu carro, mas repara que Ana não o acompanha,
ficando para trás. – Ana! Tudo bem? – Diz Lúcio chegando junto dela.
- Sim, tudo bem! – Diz Ana pensativa.
- Já sei! Você queria que a Júlia tivesse vindo conosco! – Diz Lúcio.
- É isso! – Diz Ana sorrindo, mas o sorriso é claramente forçado. –
Vamos embora, já estou com fome! – Seguindo à frente de Lúcio para junto do
carro.
Já dentro do carro, Ana permanece em silêncio enquanto Lúcio dirige o
veículo, perto de um restaurante Lúcio pára o carro. – Que tal jantarmos aqui, a lasanha é ótima,
e eu sei que você adora lasanha, não é?
- É! Podemos comer aqui sim! – Diz Ana tentando sorrir.
Lúcio estaciona, Ana sai de carro e espera por Lúcio para entrarem no
restaurante. Lúcio abraça-a, apaixonado. Já dentro do restaurante Lúcio pede
uma mesa, Ana continua um pouco ausente de tudo e segue o namorado não pensando
para onde vai. Ambos se sentam.
- Sabe, desde que a Juju saiu do hospital, eu acho que é a primeira vez
que o meu cérebro quer refletir, deixando de lado todo esse turbilhão de
emoções! - Diz Ana, pensativa.
- É verdade, meu amor, todos estes dias foram cheios de emoções, não
houve tempo para pensarmos na doença da Júlia mais friamente! – Diz Lúcio
pegando na mão de Ana. Ela sorri carinhosamente para ele.
- O Rodrigo… quer dizer, a Manu, eles devem querer levar de volta alguns
dos brinquedos da Juju que ficaram lá em casa! – Diz Ana.
- Ana, que coisa, para você se preocupar! – Diz Lúcio sorrindo. – Faz
assim pensa agora na lasanha que pedi para nós, e esquece os brinquedos.
- Você tem razão! – Diz Ana tentando afastar os seus pensamentos.
Ambos jantam, e Lúcio de tão apaixonado nem percebe o afastamento de
Ana, depois do jantar, seguem de carro para casa, quando estacionam, Lúcio
recebe um telefonema do hospital a pedirem que ele fosse para lá, ele
despede-se de Ana que sai do carro e vai embora. Ana atravessa a calçada e
junto ao prédio dá de caras com Alice.
- Graças a Deus que você está aqui amiga! – Diz Ana abraçando Alice.
- Eu estou aqui há horas esperando você, queria saber como foi no
parque, com a Julia, e com a Manu. – Diz Alice.
- Vamos entrando, lá em cima eu te explico melhor! – Diz Ana. Ambas
entram no prédio. Sobem no elevador e Alice repara que Ana está calada, e sem
muita alegria. Quando Ana abre a porta, as lágrimas começam a cair.
-Ah não, o que foi? – Diz Alice preocupada, sentando Ana no sofá e
fechando a porta.
- Está tudo errado Alice, tudo errado! – Diz Ana chorando.
- Como assim? – Diz Alice.
- Eu não amo o Lúcio! Eu não o amo! – Tentando enxugar as lágrimas. – O
amor que eu pensei ter por ele, foi surgindo pela emoção da doença da minha
filha, pelo carinho todo que ele teve com ela, que ele teve comigo, sabe? Eu
adoro o Lúcio, eu juro! Mas agora, mais friamente… Eu até achei que estava
feliz, vendo a Julia feliz, porque para mim ela é o que mais importa, mas o meu
coração quer sair gritando, entende? Não sei, acho que uma parte de mim está
dizendo que fiz tudo errado, eu queria ter uma borracha para apagar, e voltar a
escrever… - Diz Ana soluçando no choro.
-Escrever o quê Ana? – Diz Alice, tentando que ela fale. – Fala Ana, o
que mudou nesta semana?
- Eu queria mudar o texto que eu escrevi para ele, naquele momento achei
que era o mais sensato, e ele também fez a sua escolha! – Diz Ana levantando-se
e andando pela sala.
- Diz o nome Ana, diz o nome! – Diz Alice, levantando-se. Ana olha para
ela e Alice diz que sim com a cabeça.